MOSCOU a KIEV de ÔNIBUS

Olá Viajantes, Moscou a Kiev de ônibus, uma viagem para os fortes!!

Estávamos em uma viagem pela Escandinávia e norte europeu.  Já tínhamos ido a Dinamarca, Noruega, Suécia, Finlândia, Estônia e Rússia. De lá seguiríamos para Ucrânia, Romênia, Polônia e Itália. Tudo corria muito bem. Os transportes, hotéis, passeios, etc.Nossa estadia em Moscou foi maravilhosa! A cidade é linda  e nos surpreendeu pela limpeza e organização, sem falar que os russos é um povo muito hospitaleiro,  diferente do que havíamos ouvido. Era a Copa do Mundo de Futebol de 2018. A cidade estava cheia de torcedores e turistas envolvidos com a grande festa do futebol. 

Iríamos atravessar um bom pedaço pela Rússia indo de Moscou a Kiev de ônibus. Já havia comprado as passagens pela internet através do site da Ecolines, uma empresa de ônibus. O site da empresa é:https://ecolines.net , caso depois que você ler este relato, ainda queira utilizar os serviços desta empresa. Fundada em 1993, com sede em Riga, na Letônia e que atua na Europa. Já havíamos utilizado os serviços da mesma. Fizemos o percurso de Helsinque a São Petersburgo. Nesta ocasião a viagem foi perfeita. Pontualidade, ônibus muito confortável, com wifi, água, café, filme, ar condicionado e wc.

Estávamos tranquilos quanto a viagem. No horário  marcado em nossa passagem, nos dirigimos ao local de embarque. Em Moscou não existe um único terminal de ônibus e sim vários. Já havia entrado em contato com a Ecolines, durante a compra das passagens e lá estava tudo registrado, como: meu email, whatsapp, celular e todos os meus contatos. Durante toda a nossa estadia em Moscou sempre tivemos internet disponível. Verifiquei antes de partir se estava tudo ok. Do nosso hotel seguimos de metrô para o pequeno terminal que ficava próximo a um grande shopping.

Chegando na pequena estação, passamos pelos detectores de metais e fui até os responsáveis pela segurança e perguntei se o local estava correto. Só mesmo para confirmar, pois já tinha até visto um dos ônibus da Ecolines estacionado no pátio. Mostrei as passagens, já que eles não falavam inglês. E estava tudo ok. Aguardamos o horário que seria 16:00 horas. Um pouco antes do horário fomos para as plataformas verificar em qual chegaria nosso ônibus, que para nossa surpresa não chegou. Fui até um policial, que por sorte falava um pouco de inglês e ele se dispôs a verificar o que estava acontecendo. Para nossa surpresa e a dele também, nos disse que a viagem havia sido cancelada!!! Pensa o desespero!! A viagem seria durante a noite. Nossas diárias em Moscou já tinham encerradas, nossas próximas diárias seriam em Kiev. O que fazer? Em plena Copa do Mundo. Os aviões lotados, de trem seriam várias conexões. A empresa não nos avisou!!! Com todos os meus contatos no cadastro.  O policial nos orientou a ir em um outro terminal rodoviário da cidade que fazia o percurso.

Lá fomos nós!! 3 conexões de metrô. Gastamos quase 1 hora. Felizmente viajamos com pouca bagagem e isso facilitou em muito. Chegamos na estação do metrô que ficava próximo ao Terminal Rodoviário,  na Novoyasenevskiy Prospekt. Chegando lá, mais uma surpresa! não tinham passagens para duas pessoas. Somente após 5 dias!! Fiz cara de choro! Porque a atendente não falava: inglês, espanhol, italiano e muito menos português, que são as línguas que me viro!! Mostrei a ela as minhas passagens da Ecolines e ela resolveu nos ajudar. Dê uma olhadinha no post sobre Moscou:http://andiamoblogviagens.com.br/moscou-a-cidade-do-kremlin/

Chamou um rapaz que pelo jeito era o coordenador do recinto, um anjo gordinho de olhos azuis. Falava inglês e nos tratou muito bem.  Ele pediu para encontrar duas passagens para o dia seguinte. Já era alguma coisa. Compramos as passagens, metade do preço da Ecolines. Perguntou se tínhamos malas, pois eles cobram separado as malas. Dez por cento do preço da passagem.

Sairíamos no outro dia às 14:00 horas. Perguntei sobre algum hotel por perto e ele nos levou até a frente da Rodoviária e nos mostrou um belo hotel. Nos dirigimos para lá. Um hotel 4 estrelas muito bom, com café da manhã. Pagamos uma nota preta. Mas, acho que merecíamos uma noite de czar em Moscou. Sem contar que posteriormente vamos acionar a empresa para que paguem esse prejuízo. No hotel entramos em contato com a Ecolines e estamos em negociação. Dê uma olhadinha no site do hotel: http://princeparkhotel.ru/

                   

No dia seguinte fomos um pouco antes do horário de partida. Passamos pelo detector de metais e sentamos em uns bancos de espera. Logo sentou uma senhora russa de belos olhos azuis. Puxou conversa mas não falava em inglês. Não foi problema ficamos conversando em mímica. Riu muito quando disse que iria para Kiev. Na hora não entendi, mas posteriormente compreendi muito bem o motivo. Depois de rir ela me mostrou que poderia até ser interessante a viagem, poderia ficar admirando a paisagem.

Se quiser fazer o percurso ou andar de carro pela cidade, reserve seu carro pela Rentcars, uma operadora que se pode fazer as reservas ainda no Brasil. Desta forma ficará livre de IOF, podendo pagar em reais.

Estávamos esperando um ônibus no mínimo igual aos do Brasil. De repente ela me cutuca e fala um monte de coisas. Daí percebi que ela queria dizer que o nosso ônibus já havia chegado. Eu não parava de rir e falar: Minha Nossa!! Minha Nossa!! O ônibus na verdade era um micro-ônibus. Mostro o bilhete para dois ucranianos e eles me acenam que também iriam pra lá. Eu aceno que onde eles fossem eu iria atrás.

Os dois riram muito e acenaram que estava combinado. Por 17 horas vigiei os dois e eles a nós. Acredita que quando chegamos eles nos avisaram?? kkkk nem precisava era o ponto final do ônibus. Entramos no ônibus e ficamos com a esperança que ele só iria nos levar até uma conexão e de lá passaríamos para algo mais descente. Que nada!!! Lá fomos nós por 17 horas neste micro-ônibus, com um péssimo amortecedor, nossos bancos eram em cima da roda e sentíamos todos os vários buracos das estradas.

As estradas não são boas. Assim que saímos de Moscou estava bem tranquilo, com pistas duplas. Porem, logo passou a ser pista única e em vários trechos de recapeamento. Depois de 3 horas de viagem, paramos em uma pequena lanchonete. Todo mundo desse do ônibus na maior correria e nós também. Eles queriam fumar!! depois de irem ao banheiro e tomar um cafezinho, voltam e fumam novamente. Pensei! Pelo jeito a nova parada será daqui a 4 horas.

O banheiro era de metal e bem sujinho. Mas, tudo bem. Mal sabia que esse seria o melhor do percurso. Mas, fiquei admirada da simplicidade desse povo. Dentro do ônibus mais da metade eram ucranianos, o restante russos. Eles não se gostam. Ninguém conversava dentro do ônibus. A poltrona quase não reclinava. A paisagem é a mesma e não tem cidades ou restaurantes e pouquíssimos postos de gasolina. A vegetação é a mesma e tudo muito plano.

Entre barreiras e fiscalizações foram sete. Nos sentimos dentro de um filme. Eu de camiseta da seleção brasileira. Graças a Deus!! Pois era nosso cartão de visitas. Realmente  o futebol brasileiro abre fronteiras. Estávamos no verão e escurece por poucas horas.  Um pouco antes da divisa com a Ucrânia o  ônibus  pára.  Entra um oficial russo e olha todos os passaportes. Quando pega o nosso fala: Brasil, Football. Pensamos! Vai ser tranquilo. Segunda parada, uma oficial loira e bem bonita, entra e pega passaporte por passaporte e compara o rosto com a foto. Andamos um pouco e a terceira parada, um “acampamento de guerra”, entra um soldado gordão de cara fechada e ilumina o rosto de todos com uma lanterna, fiscaliza bagageiro, fundo do ônibus, pneus, etc.

Quarta parada, Já era umas 3 horas da manhã, entra um guarda de cara mais brava que o anterior. Com uma lanterna fiscaliza todo o ônibus e em alguns passageiros coloca a lanterna no rosto. Quinta parada, todo mundo tem que descer do ônibus pegar as bagagens e ir passar no detector de metal. Sexta parada, o ônibus é revirado do avesso e nós com as malas na mão nos dirigimos para a imigração. Estávamos saindo da Rússia. Fomos um dos primeiros. O oficial fala algo e não entendemos uma palavra. Nem me atrevi falar em inglês. Eles odeiam os americanos e acho que canadenses também, pois ficou um bom tempo vendo o meu visto canadense no meu passaporte. O meu visto americano estava no outro passaporte. Finalmente ele fala: football!! Eu afirmo com a cabeça e dou um sorrisinho sem graça. Liga para um tal de Natasha e fala um monte. Eu só entendia  brazilian. Pergunta para onde vamos? O motorista do ônibus que passou na nossa frente responde: Kiev! Enfim, ele já era o nosso protetor. Liga para o tal do Natasha novamente, folheia página por página do passaporte, coçou a cabeça e finalmente carimbou o passaporte. Passamos para outra salinha. A sala dos liberados. Foram chegando mais. Agora todo mundo alegrinho e até descobri que tinha uns 2 que falavam inglês. Até perguntei porque não nos ajudou na imigração. Ele disse que falava só um pouquinho. Mas, acho que ele não queria se comprometer.

Depois de mais de 2 horas neste setor de imigração e muita tensão de vai não vai, fomos para o ônibus. Pensamos que tinha acabado. Que nada! Andamos cerca de um quilômetro a sétima e última parada. Entra uma moça de cara brava e pega os passaportes. Me pergunta para onde estávamos indo. Não entendi. O russo da frente responde por nós. A essa altura todo mundo queria nos ajudar. Ela recolhe todos os passaporte e coloca os nossos por baixo. O motorista e o cobrador do lado da guarita e nós dentro do ônibus. Todos aflitos!! Depois de uns 30 minutos entra um oficial e grita: Moskovita! Alguns levantam, nós também, daí os que não levantaram, mandam a gente ficar. Eram os russos que tinham que descer e responder perguntas. Os que ficaram eram ucranianos.

Depois de uns 30 minutos os russos retornam e nada de devolver os nossos passaportes. Logo o motorista pega os passaportes na guarita e entrega para uma passageira ir entregando. Ela vai gritando o nome de cada um e nada dos nossos. Finalmente, depois de ter entregue todos ela nos entrega os nossos e fala: os vossos!! Que alívio!! Andamos uns 500 metros e o ônibus parou. Era um pequeno barzinho. Todo mundo desceu alegrinho e foram fumar e tomar café. Um frio lascado e finalmente estávamos na Ucrânia.

Um dos banheiros na Rússia  era terrível. Daqueles que se coloca um pé de cada lado e tem um buraco no meio. Até aí tudo bem. O problema é que estava a noite e não tinha luz. Para utilizá-lo tinha que deixar a porta meia aberta e as mulheres ficavam fumando na porta. Um cheiro horrível. Quando passamos para a Ucrânia o asfalto que já era ruim, piorou!! Olhei no GPS e ainda faltavam umas 3 horas de viagem. Já estava amanhecendo e a paisagem da Ucrânia é bem mais bonita. Nela já se avista casas de fazendas e pequenas cidades. Por sinal bem bonitas.

Já na Ucrânia dois passageiros pedem para o motorista parar. Ninguém desceu, estávamos em um acostamento próximo de algumas casas. Os dois saem correndo, entram atrás de algumas árvores e voltam aliviados. Acho até que um foi fazer o número 2 kkkk Ninguém estranha e acham tudo normal. Seguimos viagem!!

Eu já não via a hora de ver alguma placa de trânsito indicando Kiev. Felizmente apareceu a primeira. Estávamos a 58 quilômetros. Que alívio!! Uma senhora ucraniana invocou comigo e ficava conversando em ucraniano comigo e eu respondendo em português. Ela falava eu respondia. Não sei o que ela falava e nem ela sabia o que eu falava. Mas ficávamos conversando. Foi com a minha cara!! A todo momento me dava um sorrisinho. Daí resolvi perguntar que horas chegaríamos em Kiev. Um ucraniano rindo da nossa conversa se aproximou e falou o horário em inglês. Mais um que falava inglês.

Felizmente começamos a avistar alguns prédios altos. Estávamos nos arredores de Kiev.

Logo começamos a avistar os belos jardins de Kiev, marca registrada da cidade.

Construções enormes, trânsito, avenidas largas, jardins. Enfim, estávamos em Kiev em direção ao terminal rodoviário.

Avistamos o Rio Dniepre, um rio que começa na Rússia, passa pela Bielorrússia até chegar na Ucrânia, desembocando no Mar Negro.   Em Kiev é muito utilizado para passeios de barcos.

Estátua da Mãe Pátria, (Rodina Mat),  A escultura é uma parte do Museu da Grande Guerra Patriótica. Localizada em um  parque onde há  um museu ao ar livre com aviões, tanques e outros equipamentos usados na guerra.

Chegamos no Terminal Rodoviária, um prédio de dois andares. Estava ainda cedo, cerca de 7 horas da manhã, com um atraso de 2 horas, de acordo com a passagem. Mas, é normal. Ninguém pode prever o tempo exato da viagem.  Com grande movimento de pessoas, ônibus e muito confuso. Uma aventura incrível!!  Essa rota, tenho certeza.  não é  muito utilizada por brasileiros.

Chegamos em Kiev sem a moeda deles. Sabia que para chegar no hotel era de metrô e bem baratinho. Era o programado. Mas, só pensava em chegar, comer, tomar banho e dormir. Perguntei para um taxista se ele recebia em euros. Ele disse que sim. Mas, não sabia quanto. Propus dar 10 euros. O sorriso se abriu  e topou na hora. Depois fiquei sabendo que pagam 5 euros de um lado a outro da cidade. Mas, valeu!! Fomos do lixo para o luxo. Melhor e mais bonito hotel da nossa viagem de 30 dias. As diárias seriam por dois dias. Ainda estávamos dentro da primeira diária e já havia entrado em contato com o hotel avisando o ocorrido. Deu tudo certo! Tomamos um bom café da manhã e dormimos por umas três horas e de lá saímos para conhecer a bela cidade de Kiev.

Com certeza voltamos outras pessoas. Não recomendo para ninguém. Mas, como dizia Fernando Pessoa: “Tudo vale a pena se a alma não é pequena.” Amei esse povo, ucranianos e russos. Um povo forte e destemido, com muitas histórias de lutas e conquistas, mas que ainda guardam um jeito simples e humilde de viver.

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